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LINHA D'ÁGUA




(Passagem sobre a audição do álbum de Carla Boregas & M. Takara - Linha d'Água - lançado en línea no início da quarentena)


" Da interferência entre os ritmos e ciclos naturais do VIVER e o caráter repetitivo linear dos atos técnicos e sociais proveninentes do mundo concebido pelo capitalismo (gestos do trabalho, ritos sociopolíticos tendentes a estabelecer e manter a ordem social) resulta uma perturbação da natureza enquanto tal. Esta é tanto mais perturbada quanto mais os gestos mecânicos (repetitivos lineares) dominam, no mundo moderno, os ritmos e os ciclos naturais. Por mais que atinja o resultado buscado -- o domínio técnico --, isso acarreta em outros efeitos, transtornos. Os ciclos e ritmos "naturais" se subordinam às séries lineares de atos, de trâmites e gestos do trabalho, quer dizer: a divesidade se subordina à homogeneidade. Mas veja só, a "natureza" (qualquer que seja sua definição filosófica) e seus ritmos, o uso da materialidade e a vivência do corpo, seguem sendo os fundamentos da presença. A abstração das fórmulas e das séries lineares só comunica um sentimento de ausência que invade o cotidiano. Disso tudo resulta uma problemática que precisa ser tratada por métodos novos, e a possibilidade de um saber que dá espaço ao VIVER, reservando a ele lugares e momentos. Esse saber já desponta aqui e ali: seja como ritmo-análise, ou como crítica do brutalismo e do terrorismo que são feitos sobre a "natureza" exterior ou interior. "


H. Lefebvre,

A PRESENÇA E A AUSÊNCIA (1980)




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