Este livro conta uma história e conta várias histórias. O centro delas é uma tragédia – o assassinato de quase três dezenas de pessoas - algo que o embrutecimento da vida na cidade torna banal com o tempo. A Chacina de Osasco e Barueri completa 10 anos em 2025 e uma série de histórias, fragmentos de memórias e marcas no corpo da cidade e das pessoas continuam a rondar esse trágico (e cotidiano) acontecimento. Aqui, algumas dessas histórias são contadas ou introduzidas, os vários artigos revelam e analisam as dimensões políticas, sociais, jurídicas e pessoais desse acontecimento exemplar da violência de Estado na democracia securitária brasileira. Mas o que se sobressai entre elas é a luta da Associação 13 de Agosto, a força da memória obstinada das mães que não deixam que essa história se perca entre as agruras de um cotidiano violento. Para essas mães, a violência é como a polícia: um golpe de Estado permanente.
Sobre os textos, cabe a cada leitor e leitora descobrir ao folhear o livro. Ele também registra o trabalho de meia década do LASInTec junto a outros parceiros da UNIFESP com a Associação 13 de Agosto e com a raríssima pessoa que é Zilda Maria de Paula, uma guerreira incansável, capaz de encontrar leveza e alegria mesmo em meio tanta dor.
Sabendo que não há reparação possível diante do terror estatal que ceifa sem cerimônias a vida de um filho do colo de sua mãe, seguimos na luta junto às mães, sem medo e sem sossego.
No ano em que a chacina de Osasco e Barueri completa 10 anos, o Brasil enfrenta mais uma tragédia. Dessa vez, em outubro de 2025, o Rio de Janeiro testemunhou a maior chacina da história do país, superando em número de mortos até mesmo o massacre do Carandiru. O lançamento do livro (que já vinha sendo trabalhado há anos) "Memória obstinada: a luta das mães de Osasco e Barueri" justo nesse momento, não representa nenhum tipo de oportunismo ou sensacionalismo de tentar cruzar as vendas de um produto à pior tragédia de nossos tempos. Ao contrário, mostra a relevância do tema da presente obra que, ao falar de uma situação específica, revela a universalidade do problema. O Brasil, pouco a pouco, poderá ser explicado, de um lado, pelas brutalidades das chacinas, e, de outro, pelo surgimento constante de grupos de mães que lutam pela liberdade e pela justiça de seus filhos.
Memória Obstinada: a luta das mães de Osasco e Barueri
Organizadores Acácio Augusto, Joana Barros e Gabriella De Biaggi
Edição Bruno Xavier
Revisão e Preparação Marina Manganotte
Projeto Gráfico Marina Manganotte e Nina Meirelles
Capa Nina Meirelles
Diagramação Marina Manganotte
Fotografias Paulo Pinto/Agência Brasil; Mário Palhares; LASInTec
Quarta capa Zilda Maria de Paula [documentário “Memória obstinada: caminhos de luta das mães, por memória e verdade em Osasco e Barueri”, Caio Castor, 2023.]
Apresentação Raphael Sanz
Prefácio Edson Teles

